
Estamos de Luto!
No dia 07/04/2011 estava atendendo um responsável em meu gabinete quando um professor, com o semblante pálido e assustado, entrou e perguntou se eu sabia o que estava acontecendo. Não entendi a preocupação dele. Assim que o responsável se retirou, acessei a internet e comecei a tentar entender o que estava se passando. Uma escola municipal sofrendo um atentado? Não seria possível! A escola é um lugar de gente de bem, onde as pessoas crescem intelectualmente e onde elas aprendem a se relacionar uns com os outros. Não é possível! Não consigo descrever a minha reação quando a realidade veio à tona. Foi um dia muito tenso e muito triste para todos da escola pois estavamos vivendo uma situação ilógia, irracional e extremamente chocante aos nossos costumes e que poderia estar acontecendo conosco. Paralelo ao meu estarrecimento, surgiu de uma forma repentina mais um questinamento para os "meus medos" com relação à questão da segurança em nossa escolas da rede municipal.
Pelas escolas que assumi cargos de gestão, uma das minhas maiores preocupações era com a segurança dos bens e das vidas que a escola guarda. Grades, sistemas de câmeras de segurança, vigilância, portões fechados sempre estiveram como prioridades para presevar a integridade das pessoas e os bens que a escola possui e pelos quais sou o responsável legal. Mas então pensei comigo mesmo: de que adiantou tudo isso para aquela escola de Realengo, já que ela possuía muros altos, câmeras nos corredores e portões de ferro? Será que o cuidado que eu tenho em minha escola seria o suficiente para inibir a ação de um ser humano mentalmente atordoado e com sede de sangue? Talvez sim, talvez não.
O mais importante agora é rever os nossos procedimentos. A escola, que era uma instituição que mais parecia a continuidade de nossas casas, passou a ser alvo de ladrões e psicopatas. Como lacramos nossas casas com grades e cadeados para proteger principalmente a nossa vida, será que agora teremos que fazer isso também para preservar a vida de nossos alunos, professores e funcionários? Esta é uma questão que temos que discutir muito rapidamente. O fato é que é fácil entrar em uma escola, seja para pedir um documento ou para buscar uma informação. Não temos como fazer uma triagem eficiênte pois a maioria das unidades escolares de nossa rede de ensino não possui um agente de portaria, quando sim um funcionário readaptado que fica completamente vulnerável em uma situação risco. Daí a necessidade de se discutir, principalmente com o Conselho Escola Comunidade de cada unidade escolar, estratégias e utilização de recursos financeiros para melhorar a segurança e tentar evitar que vidas sejam perdidas precocemente, como aconteceu na escola de Realengo. Além disso, cabe também ao poder público viabilizar urgetemente pessoal para exercer as funções auxiliares. Não vai deter uma fatalidade mas poderá previnir muita coisa.
Naquele dia optei em não postar nenhum texto! Pensei até deixar apenas uma página em branco, em memória das doze crianças que perderam brutalmente as suas vidas através de um ato de covardia e insanidade. Não consegui. Hoje tive coragem de escrever sobre o assunto, mas continuo perplexo e assustado. Que Deus estenda Suas mãos e acolha essas crianças em Seu divino seio.
ESTAMOS DE LUTO!