segunda-feira, 27 de julho de 2009

RIO DE JANEIRO: A DURA REALIDADE DA CIDADE MARAVILHOSA - PARTE I


Quando os portugueses chegaram por essa bandas por volta de 1502, imagino o que os olhos dos nossos colonizadores deslumbraram. As montanhas que acompanham até hoje grande parte do litoral cobertas por uma vegetação exuberante, as praias virgens, o mar de águas cristalinas... Que paisagem!!! Apesar desses presentes divinos que convidavam nossos irmãos lusitanos à uma longa estadia, este paraíso tropical só foi definitivamente ocupado em 1565 quando Estácio de Sá, no primeiro dia do mês de março, anunciava a fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro após uma batalha sangrenta contra os franceses (que também estavam de olho no paraíso).

De lá para cá a cidade passou por grandes modificações naturais, políticas, econômicas e socias que foram transformando pouco a pouco o espaço geográfico carioca. Sempre foco dos acontecimentos, a cidade testemunhou inúmeros episódios históricos, além de atrair o interesse de políticos e intelectuais. Passou também por grandes transformações urbanísticas, mesmo estando sempre apertada entre o mar e a montanha. Berço da Bossa Nova e de tantos movimentos culturais e artísticos, a cidade acabou ganhando o carinhoso título de Cidade Maravilhosa.

Eu fui nascido e criado no subúrbio da Penha Circular e lembro muito bem da infância tranquila e sadia que tive nesse bairro. Muitos campos de futebol, muita pipa no céu, bolas de gude pelos terrenos, brincadeiras de roda e muitas cadeiras nas calçadas. Tempo em que se podia deixar as crianças na rua sem nenhum tipo de preocupação. Lembro quando o Parque Ari Barroso foi inaugurado (1964). Uma área de lazer de 50.000 metros quadrados com gramados, quadras de esporte e até uma cachoeira artificial. Meu pai me levava sempre lá para passear.


Vista aérea do bairro em 1925


Vista aérea do bairro em 1965


Penha de hoje

Muita gente da minha família também morava no bairro. Era só atravessar a linha do trem e podia escolher qual a tia que eu queria visitar. Aí, sim... Não dava para ser infeliz.

O tempo passou. Os campos e a paz desapareceram junto com as cadeiras nas calçadas. A tranquilidade deu lugar a insegurança e as pessoas desapareceram das ruas.

No dia 18 de julho de 2009 um casal que passava de carro a noite pela avenida principal do bairro foi alvejado por tiros de fuzíl, confundidos por policiais que perseguiam bandidos. Quantas vezes passei pelo mesmo lugar... Mais triste foi ouvir o depoimento da vítima que afirmou categoricamente estar disposto a deixar a cidade. Além da tristeza, o sentimento que se misturou foi de raiva e indignação. Não sei onde vamos parar!!!

2 comentários:

  1. Não conheço a Penha, mas tenho o mesmo sentimento morando em Niterói. Quisera voltar no tempo e ir para algum lugar calmo.
    Mesmo tendo vivido a guerra em Israel em dezembro 2008/janeiro 2009, posso dizer que aqui estamos bem pior...

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  2. Seu blog é muito interessante, espero poder sempre visitá-lo, até porque temos algo em comum eu me chamo Paulo Sosinho, sou de Belém-Pa. acho que temos algum parentesco e seria muito bom conhecê-lo melhor, meu e-mail é: paulososinho@hotmail.com e meu blog http://poesia-com-arte.blogspot.com um grande abraço e fique com deus

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